sábado, 19 de setembro de 2009

TAMARINDEIRO
















Ainda pequeno me arrancaram da pequena Água Doce, deixei iguais, deixei amigos, deixei minha infância pela metade, deixei sonhos e nem me despedi, só restam minhas lembranças. Não, não sou mais de Água Doce, eu cresci! Tornei-me outra pessoa, as pessoas de lá não se lembram mais de mim e eu me lembro apenas de alguns. Penso com saudade e aperto no coração da cidade que nasci; Porém, assim como perder-se da mãe, fui acolhido e criado por Vilhena, lugar de sonhos e esperanças encravado na Amazônia, lugar onde moro, vivo e onde aprendi a amar; Lugar onde meus filhos nasceram e estão crescendo. Da Água Doce ficou apenas uma saudade estranha de um lugar que não é mais meu, pessoas que não conheço mais, referências que não tenho mais, desculpem-me, mas não sou mais daí, não há mais nada a fazer, mudaram o nome da cidade, mudaram a igreja, meu avô Birro já não está mais aí, minha saudosa vó Lica e tia Lourdes não tenho mais, a represa que era nossa diversão está seca. No caminho pra Rio Preto, nem parei! Aliás, parei, mas a dor foi grande, apenas olhei a velha e triste Água Doce, vi eu e meu irmão caçula brincando, atravessando a represa em troncos de bananeira sem saber nadar, coisa de moleque! E continuei a viagem, lá na frente, a entrada para a fazenda do tio Saninho, o coração apertou de vez, lembranças das férias em que passávamos lá, tia Nuta! Que saudade do seu bolinho de arroz, das mangueiras e dos tamarindeiros! Que saudade do homem que eu poderia ter sido lá, que saudade.

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