terça-feira, 27 de setembro de 2011
EU COMIGO
Só, sou só solidão
Estou só, sem sombras, nem honras
No café, na travessia da maré, na maresia
Sempre só! Sigo a pé, contido e só
Eu e eu, juntos todos os dias
Critico-me, tento me expor, me explico!
Mando as favas! Quem manda é eu afinal! Ou não?
No espelho, pesadelo, desespero
No meu contraste, me contrasto
Só a noite de lua, só num dia sem um sol
Silêncio quando não falo; silêncio também de quem não me ouve
Ninguém reclama, talvez por que estamos sós, muito sós
Lado a lado, esperando o final, um alívio
Quem ganha?
Quem perde?
Quem chora mais?
Quem fugirá primeiro?
Quem nos perseguirá?
Quem nos resistirá?
Você usa minha toalha e minha escova
Dorme comigo, usa minha vida e se manda...
Estamos sozinhos...
Pizza família e refrigerantes
Pra quê?
Pra quem? Se estamos sós! Muito sós.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
COMO UM VENTO QUE LEVA
Tudo passa
O ruído cessa
A maré se acalma
Os pássaros uníssonos emudecem
A vida passa
A goteira seca
O Beija flor se aquieta
O retrato amarela
As calças encurtam
Os sorrisos diminuem
Os olhos embaçam
A felicidade passa
O grito ecoa
A margem avança
O sonho voa
O amor passa
O suspiro se interrompe
As lembranças machucam
A noite passa
O palhaço fica chato
O trabalho muito ingrato
A música fica velha
O sapato aperta
Os filhos crescem
O sol desperta
As coisas passam
As honras se vão
Os amigos nos deixam
Com acenos de mão
Os dentes caem
O carro do ano enferruja
As cidades inundam
Nossa sorte muda
As pessoas morrem
As flores morrem
Os medos morrem
As dores e as lágrimas passarão
Pois tudo passa, tudo passa, como um vento que leva...
domingo, 4 de setembro de 2011
SEM VOCÊ
Embrenhada na selva de concreto
Nas ruas e vielas
Doce sentinela
Invisível donzela
Cadê você?
Não há vejo; desejo...
Cadê você?
Não a encontrei; procurei
Ventos que nunca lhe trouxeram
Momentos mágicos de amor que nunca vieram!
Escondida em algum lugar, em lugar nenhum
Separada de mim pelo mar, pelo tempo
Cadê Deus?
Onde ela está? Onde me espera?
Minha noite está se apagando e nada acontece...
Choro Deus, choro muito...
Sei que ainda está por perto; deserto...
Sinto seu suspiro, seu afago
Sinto suas mãos, seu perdão
Cadê você? Responde! Onde está seu amor?
Nas tristes notas do piano?
Nesse País?
Nesse mundo?
Nesses dias?
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