EU PENSO!

 

Que tal parar de recitar e cantar
Parar de colar e assumir
Parar de reproduzir e criar
Parar de ser eloqüente e ouvir


Que tal parar de questionar e dialogar
Parar de viajar e sumir
Parar de consumir e poupar
Parar de controlar e seguir


Que tal parar de agitar e amar
Deixar a fila e servir
Que tal deixar o esconderijo e surgir
Deixar as nuvens brancas, colorir... 

Que tal!?/

GOLDEN HEART

Tenho um coração de ouro que não brilha

Tenho um sorriso perfeito sem dentes

Tenho asas que só me fazem cair ao chão

Tenho músculos que não suportam mais o peso da dúvida

Tenho mãos limpas que não conseguem construir o bem

Tenho amigos que não se importam com meus defeitos

Tenho mulheres amadas que me querem todos os dias

Tenho saudade daquilo que ainda não vivi

Tenho medos absurdos e inexplicáveis

Tenho mágoas guardadas a sete chaves

Tenho cicatrizes de uma batalha que está longe do fim

Tenho dor, tenho sede e esperança...

Tenho pressa, a prece!

O QUANTO TEMOS QUE ESPERAR

Quantas ondas ainda terão que arrebentar nas pedras?
Quantos sóis ainda terão que se pôr?
Quantas esperanças se renovarão na madrugada sombria?
Quantos suspiros antes do fim de tudo?



Quantas caras terei que ser?
Quantos mundos iremos queimar?
Quantos beijos serão postergados?
Quantos lampejos de felicidade ecoarão?

Quantos amigos se perderão no caminho?
Quantas mulheres famintas se enternecerão?
Quantos dias para que o coração se dilacere?
Quantos soluços embargados escutarei?

Quantas vezes serei abismo sem lirismo?
Quantos lábios ansiosos aquietarei?
Quantas medidas de maldade suportarei?
Quantas noites sem açoites, sem amor, sem sexo e sem fé a buscarei?